Para a EAPN Portugal, a participação das pessoas em situação de pobreza e exclusão social encontra-se na raiz do pensamento e da filosofia de atuação da organização (“Dar voz às pessoas que normalmente não a têm, em quase nenhuma circunstância”). Participar supõe, por um lado, a intervenção ativa das pessoas na construção da sua própria realidade e, por outro, uma dinâmica de intercâmbio que gera uma mútua transformação entre as pessoas e o “objeto” no qual participam. Isto implica ser “parte” de algo e assumir um papel nos vários domínios de participação (social, cultural, politica, económica, entre outras). Por sua vez, participar não é só estar informado e dar a sua opinião sobre algo, mas implica também transformar uma realidade e sobretudo transformar-se como indivíduo.

Ser cidadão ativo depende não só de vontade ou predisposição para a participação mas também de todo um conjunto de circunstâncias sociais, culturais, económicas e políticas que condicionam as atitudes. Fazer da participação um veículo que conduza os cidadãos para os processos de inclusão social implica, desde logo, que em todas as dimensões existam condições favoráveis para que a atitude de valorização de uma cidadania ativa nasça, se desenvolva e se traduza em práticas participativas e integradoras. Devemos assim criar oportunidades e condições para que essas pessoas se façam ouvir e colaborem mais ativamente nos seus próprios processos de inclusão e na sociedade da qual fazem parte.

A participação enquanto estratégia de luta contra a pobreza não pode ser entendida como ações ou práticas pontuais que se vão desenvolvendo com as pessoas em situação de desfavorecimento social. Neste sentido, consideramos que todas as organizações devem colocar em prática uma metodologia que favoreça e ative a participação destes cidadãos.